Na polifonia de sonhos, pode ser quebrada a minha fala, mas mantenho os
sonhos intactos (exceptuando breves momentos de dúvida e dores). Se bem que podem
ser sonhados em qualquer linguagem, torna-se mais fácil nas palavras que aprendi
com o leite e sorriso maternos. Assim, na minha linguagem de berço ensinei os
filhos (daí dependiam os laços com o longe e o tempo), enquanto, na linguagem
deles, aprendia as novas cores dos sonhos.
Cada momento, uma esperança...
do que vês, do que eu criei, escolhe... é teu!
que me desses a
obra das tuas mãos, eu entendia, até o desejava...
não sei que idade
teria, dos sonhos longos não alcançava o fim, mas logo
(chega o momento de uma alegria descrente...)
se tivéssemos
vivido mais tempo juntos, que belas coisas teríamos feito...
não vivemos... e
então?... acabou a poesia? morreu a arte?
e acrescentavas: as
ferramentas, essas não tas dou, ainda vou precisar delas
mas que farei eu
com elas?
que idade terias quando assim falaste? (e eu, que idade teria?) e
agora?...
Cada momento, uma luz...
afinal, o que eu
quero...
são as mãos, as
tuas mãos!...
eu sei...
Trazes poesia em cada aperto de mão, porque as tuas mãos são feitas de
poemas, sílabas sinceras, versos de inocência, como só desenham as mãos
verdadeiras. Poemas coloridos, mais que cinco as cores de um arco iluminado só
completo a duas mãos.
Quando as mãos se apartam, ficam salpicadas de gotas feitas de poemas,
dedos, versos, laços que uniram as mãos vivas nas veias que trazes em cada
sílaba e aperto de mão. Apertaste as minhas mãos como quem escreve um poema, a
cada instante as tuas mãos depositam sementes e um poema verdadeiro em minhas
mãos.
também eu sei...
Em cada momento, uma serena alegria expectante...