quinta-feira, 14 de agosto de 2014

UMA VIAGEM REMOTA PARA UMA CIDADE INTERIOR


1.      Um caminho pode ter quilómetros, uma estrada dez metros ou trezentos passos (a distância entre duas margens), ou pode apenas ser o salto virtual que a mente lhe atribuir. E nele viajar na distância infinita ou no tempo finito.  
 
Chega-se a uma cidade sem pregões e sem bandeiras, por muitos que sejam os panos coloridos a adejar nas janelas, içados num mastro, virtual.
 
Começam-se viagens sem destino mas com esperança, usam-se os barcos ou as asas dos pássaros, colhem-se ventos e fumos ou, apenas, chega-se. À cidade remota, que a nova viagem é já na próxima paragem.
 
Sai-se de entre as pedras. Por entre montes e vales chega-se à cidade, (in)capaz de abarcar os sonhos. Damos-lhe asas. De gaivota ou de avião. É uma nave a cruzar o grande rio atlântico. Aterra-se no desconhecido, fala-se em muitos tons, come-se da fartura de pão (ainda que amassado pelo diabo). Vive-se. Celebra-se o longe que longe ficou.
 
Estrangeiros em casa própria. Nem “de cá, nem de lá”. Nem sempre o dizem, dia a dia o sentem. As cartas ou mensagens não arrefecem o sentir, que se acende a cada hora. Na contínua exigência, a saga continua. De pais para filhos, agora divididos. Pelo rio, pelas palavras, por quilómetros, dez metros ou trezentos passos...
 
Pode ter sido esta a viagem de vinte e sete anos atrás, ou a saga de milhares, durante séculos, mesmo dos que virão! Cheios de mistério e alguma fé no desconhecido... Porque só poderá falar da viagem quem a vive. Mesmo que seja apenas numa rua.
 
2.      Trezentos passos é uma viagem curta e tão longa... para quem sai das serranias da Estrela, e de Lisboa chega a Beijing ou Nova Iorque! Longe, quase no fim do mundo... ali ao lado. 
 
 

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