1. Um caminho
pode ter quilómetros, uma estrada dez metros ou trezentos passos (a distância
entre duas margens), ou pode apenas ser o salto virtual que a mente lhe
atribuir. E nele viajar na distância infinita ou no tempo finito.
Chega-se a uma cidade sem pregões e sem
bandeiras, por muitos que sejam os panos coloridos a adejar nas janelas, içados
num mastro, virtual.
Começam-se viagens sem destino mas com
esperança, usam-se os barcos ou as asas dos pássaros, colhem-se ventos e fumos
ou, apenas, chega-se. À cidade remota, que a nova viagem é já na próxima
paragem.
Sai-se de entre as pedras. Por entre
montes e vales chega-se à cidade, (in)capaz de abarcar os sonhos. Damos-lhe
asas. De gaivota ou de avião. É uma nave a cruzar o grande rio atlântico.
Aterra-se no desconhecido, fala-se em muitos tons, come-se da fartura de pão
(ainda que amassado pelo diabo). Vive-se. Celebra-se o longe que longe ficou.
Estrangeiros em casa própria. Nem “de
cá, nem de lá”. Nem sempre o dizem, dia a dia o sentem. As cartas ou mensagens
não arrefecem o sentir, que se acende a cada hora. Na contínua exigência, a
saga continua. De pais para filhos, agora divididos. Pelo rio, pelas palavras,
por quilómetros, dez metros ou trezentos passos...
Pode ter sido esta a viagem de vinte e
sete anos atrás, ou a saga de milhares, durante séculos, mesmo dos que virão!
Cheios de mistério e alguma fé no desconhecido... Porque só poderá falar da
viagem quem a vive. Mesmo que seja apenas numa rua.
2. Trezentos
passos é uma viagem curta e tão longa... para quem sai das serranias da
Estrela, e de Lisboa chega a Beijing ou Nova Iorque! Longe, quase no fim do
mundo... ali ao lado.
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