sexta-feira, 25 de abril de 2014

todas as letras são iguais


escrevia menino com vírgulas e pontos
assim me ensinou a velha mestra
com letras bordadas umas bem maiores
que outras. só mais tarde aprendi
que todas as letras são irmãs iguais
(...)
não havia sombras nem fantasmas nas folhas
dos livros nos rios da minha infância
repletos de alegrias que as fantasias dos livros
prolongavam os dias e as noites fora
na infância da minha aldeia

In: “quando menino eu lia...”, Inédito

Pintura de Fernando Silva

quarta-feira, 23 de abril de 2014

sábado, 19 de abril de 2014

Páscoa Feliz

Escultura em madeira de
Eduardo C. Martins

terça-feira, 15 de abril de 2014

reflexos




pensei comer morangos
sem delito. resolvi

usar uma toalha de linho
a mais bordada e prendada

na mesa com desenhos 
um tronco com a idade

das flores jovens junto aos pés
às pernas a caminho da fonte

não adormeci enquanto cantavas
no meu encantamento. sou

antes do sol nas areias
mais dos lados das montanhas

domingo, 13 de abril de 2014

sexta-feira, 4 de abril de 2014

um, dez, mil


um ou dois ou cem
os passos com nomes
sapatos com marcas
deixadas na lama
dez vinte ou mil
bilhetes comprados
na esquina da sorte
de um barco no porto
as cartas contam
aos centos os selos
os voos das aves
de ninho para ninho
transportam desejos
promessas e sonhos
que os beijos deixaram
perdidos na noite

terça-feira, 1 de abril de 2014

sabor do silêncio


                                                                         O silêncio desenha o eco que me empurra.
                                                                                                                   Rui Goulart
de tempo em tempo
de tempo em vento
de vento em vento
viajam novas
palavras aladas

de vila em vila
da ilha a vila
de ilha em ilha
rebenta a espuma
palavras de renda

de silêncio em silêncio
de boca em boca
no silêncio da boca
e na voz da voz
crê nas palavras

depois chega o vento
nas ondas da voz
e na vila da ilha
chove na alma
um doce sabor

a silêncio