sábado, 31 de dezembro de 2011

vinte.2012.doze


   2012
Votos de um bom Ano com saúde,
paz, muita poesia e... mãos amigas!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

luzes novas - ano novo - vinte.2012.doze



fogo cor água luz tudo é novo 
até o vinho e o povo que na rua
canta dança rodopia de alegria
em cada rua praça em cada canto
na esquina o virar de novo ano
e às doze badaladas é o dia

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

o ano que vem

uns dirão sim. outros dirão
não sei ou simplesmente
não acredito tal como me contaram
ou anunciam. compras prendas
comida luzes e promessas

uns dirão sim. outros quem sabe 
simplesmente acredito
ainda que seja apenas
no homem capaz de ser bom
nos sorrisos das crianças
e na possibilidade de sonhar
e temporáriamente ver
o outro lado da vida.

depois... entre uns e outros
talvez a diferença esteja apenas
na forma de olhar ou nos olhares ...
pelo menos até Dezembro do ano que vem

                
                             Escultura de Eduardo Martins

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Natal branco - Janeiras

Mas uma estrela dianteira
Arde no céu, que regala!
A palha ficou trigueira,
Os pastorinhos sem fala.

Dá-lhe calorzinho a vaca,
O carvoeiro uma murra,
A velha o que traz na saca,
Seus olho mansos a burra.

Já as janeiras vieram,
Os Reis estão a chegar,
Os anos amadurecem:
Estamos para durar!

Abride a porta ao peregrino,
Que vem de num longe, à neve,
De ver nascer o Menino
Nas palhinhas do preseve.


      Vitorino Nemésio

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Natal - que dia é hoje?

que dia é hoje? talvez ...
nem acredites se eu te disser
que o fim está perto
deste mês – e dito assim -
eu próprio quase duvido.
pela manhã pensei falar-te
o que a noite reservava
(distraídos na rotina)
quando ninguém dá por nada;
mas ao e-mail, não respondeste,
o telefone tocava e ninguém
do outro lado da linha
estava frio e esperava
palavras que se aquecessem
na caneca de um café
fumegante. correio não havia.
segui no barco para o outro lado
do rio, a grande cidade
mesmo da cor do café,
era mais fria que escura.
vagueei. dormi. sonhei
com um postal deixado
na mesa, nessa manhã:
carimbo de Natal (a cidade ?)
Feliz (o resto inelegível)
tentei adivinhar a data
(apenas 25) deixei o resto
à fantasia tentando
acreditar que me desejavas ou
me enviavas festas
felizes!... Afinal, nessa cidade,
não nevava e era verão...
a ceia já estava fora de horas
mas sempre a tempo de reaquecer
com um fiozinho de carinho.
foi isso que tentei escrever
no bilhete de resposta: se não for antes
ver-nos-emos no ano que vem.
ano novo? sinto que ainda
poderei chegar a tempo
da lareira e das filhós.

domingo, 25 de dezembro de 2011

hoje é dia de Natal



Hoje é dia de Natal.
O jornal fala dos pobres
em letras grandes e pretas,
traz versos e historietas
e desenhos bonitinhos,
e traz retratos também
dos bodos, bodos e bodos,
em casa de gente bem.
Hoje é dia de Natal.
- Mas quando será de todos?

   Sidónio Muralha

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Hoje é noite de Natal

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros, coitadinhos,

     dos que padecem,
de lhes darmos coragem para 

     poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos,

     mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência,

     tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.

     António Gedeão

2 dias para o Natal - natal à beira-rio

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

Pintura: Fernando Silva - Poema: David Mourão-Ferreira

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

3 dias para o Natal - Canção de embalar


Dorme meu menino a estrela d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será pra ti

Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar

Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor

Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme quinda à noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer

 Zeca Afonso

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

4 dias para o Natal


Velho Menino-Deus que me vens ver
Quando o ano passou e as dores passaram:
Sim, pedi-te o brinquedo, e queria-o ter,
Mas quando as minhas dores o desejaram...
Agora, outras quimeras me tentaram
Em reinos onde tu não tens poder...
Outras mãos mentirosas me acenaram
A chamar, a mostrar e a prometer...
Vem, apesar de tudo, se queres vir.
Vem com neve nos ombros, a sorrir
A quem nunca doiraste a solidão...
Mas o brinquedo... quebra-o no caminho.
O que eu chorei por ele! Era de arminho
E batia-lhe dentro um coração...
 
       Miguel Torga

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

5 dias para o Natal


Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.
Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.
                     António Gedeão

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

6 dias para o Natal - Um rosto do Natal

Eu caminhava e como que dizia
àquele homem de guerra oculta pela calma:
se cais pela justiça alguém pela justiça
há-de erguer-se no sítio exacto onde caíste
e há-de levar mais longe o incontido lume
visível nesse teu olhar molhado e triste
Não temas nem sequer o não poder falar
porque fala por ti o teu olhar
Olhei mais uma vez aquele rosto. Era Natal
é certo que o silêncio entristecia
mas não fazia mal, pensei, pois me bastara olhar
tal rosto para ver que alguém nascia.
Amanhã, amanhã é outro dia!

Ruy Belo

domingo, 18 de dezembro de 2011

7 dias para o Natal - Amigo


És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da Mulher

      Ary dos Santos



Escultura de Eduardo Martins

Boas Festas


Natal Feliz - Natal Azul
ou de qualquer cor de que se veste a Esperança

sábado, 17 de dezembro de 2011

8 dias para o Natal - natal outra vez


por uma vez no ano e ano após ao natal outra vez
os enfeites, os sorrisos, as ofertas
cremam-se os calculismos e as violências

sagra-se um corpo de menino
adocica-se as mãos no esmero
asseia-se o relicário da bondade

o tudo  monstro espera
e nos bolsos ficará a magia renascida

por uma vez no ano
e ano após ano
o natal outra vez
                                                                                                                Constantino Alves

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

10 dias para o Natal- Janeiras de Natal



Ó de casa, alta nobreza,
Mandai-nos abrir a porta,
Ponde a toalha na mesa
Com caldo quente da horta!

Teni, ferrinhos de prata,
Ao toque desta sanfona!
Trazemos ovos de prata
Fresquinhos, prá vossa dona.

Vimos honrar a Jesus
Numas palhinhas deitado:
O candeio está sem luz
Numa arribana de gado.

Vitorino Nemésio                     

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

as pequenas figuras - American Woodcarving School


    

Foi assim, passo a passo, com estas pequenas peças em madeira, o início da aprendizagem do uso de ferramentas e conhecimento das madeiras. Mas, fundamentalmente, a consciência das nossas capacidades de transformar um pedaço de madeira, de desvendar as figuras que estão dentro dela e dentro de nós. Depois, é só persistência, dedicação, trabalho, na certeza de que conseguiremos esculpir qualquer sonho. É só uma questão de tempo ... um pedaço de madeira, e mãos!

sábado, 10 de dezembro de 2011

poema - caminhos

Era tarde, quase noite de Inverno e da vida, e a primavera já se fora; parado na encruzilhada, à espera do sinal e da luz, ele lá estava…
As viagens foram longas,
o comboio linha fora;
já há muito que se apeara
na vida mal iluminada,
deixando para traz
o conforto da estação.
A casa era distante
e o percurso longo,
mais longo que a lentidão dos anos.
Não o cansara a viagem nem 
o assustavam os caminhos.
Lá de onde vinha trazia certezas
e a consciência de paz.
Sabia para onde ia, mas, 
por momentos, sentira-se só.

Esperava um sorriso da luz 
ainda sem cor, um sim 
verde que tardava em chegar.

Era tarde, era noite,
e, junto à luz, ele lá estava…
na esperança de chegar a casa,
na ânsia do repouso merecido,
andava, afinal, à boleia da vida.


Aguarela de Ivone Martins                                                        

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

... sombras são nomes são luzes são cores

as cores do inverno que vem / quentes ou frias do inverno são
sombras são nomes são luzes são cores

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

... quentes ou frias do inverno são ...



Aguarela de Ivone Martins

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

cores do inverno que vem...

 
Aguarela de Ivone Martins

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

a construção das mãos ... e da escrita




de mão em mão bailam palavras - de palavra em palavra se constroem as veias da mão      


terça-feira, 29 de novembro de 2011

os sons da arte e do silêncio 23



OS SONS
DA ARTE
E DO
SILÊNCIO
Eduardo Martins
o artesão poeta da madeira

domingo, 27 de novembro de 2011

poema - dor minha minha alegria

doi-me do lado de ti 
e nem sempre sei qual é 
a dor que passa de mim 
para ti sem que ela acorde
 a dor que anda na noite
de quem não esquece o que era
sentir dor e só espera
que um dia me recordes

enquanto me viro e volto
a deitar para o lado solto
deixo que a dor adormeça
noite fora e eu não esqueça

que juntando amor à dor
à espera que seja dia
talvez encontre na dor
uns instantes de alegria

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

poema - improviso num dia feriado


a ferry street não pára
não há feriados nem folgas
só há sábados e domingos
e muitos dias de semana

dia a dia nela passam
os cansaços as pernas dos sonhos e as férias
que os aviões sobrevoam


as montras reflectem
rostos e imagens do longe.
sem salas de cinema a ferry
é uma sessão contínua

de passos e momentos
de adeus nuvens e beijos
um comboio lá ao fundo
e corações e países

 
ferry street... o que me dizes?   ...
a quem o dizes!...

domingo, 20 de novembro de 2011

poema - se tu me lesses





se tu me lesses à noite
escutarias as vozes
abafadas num lençol
  
tenho palavras mudas
que só os olhos escutam
para que o som não se esvaia
uma imagem um corpo são bem mais.
não acredito nessas mil palavras
que ensurdecem 
uma imagem (escrita)
vale mais que as palavras
e todos versos mal ditos
ainda assim fala ... fala-me

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

poema - os sorrisos das raízes

                   A meu pai, "senhor da arte e das mãos verdadeiras"

se o vento ou as folhas de ontem
me tivessem dito que as mãos
as minhas e as tuas correriam
nas matas tocando troncos e ramos
talvez os meus olhos rissem
de surpresa incrédulos de júbilo.

hoje rio no teu riso e há um rio
nas tuas mãos fecundas que sorriem
nas minhas que não estão orfãs.

tantas vezes nossas mãos percorreram
os caminhos das estrelas lado a lado
as vejo juntas com a madeira.
e assim serão mesmo que troncos
ramos folhas e dedos viajem para lá
onde as raízes hibernam e dormem

as flores das novas estações.
                                                                                              Fotografia  de Cândido Mesquita

 

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

rosa menina

tinha uma rosa menina
na lapela do casaco
se a olhava sorria
sonhava e adormecia...

tinha a rosa desfolhada
no bolso do meu poema
por falta de luz secara
pela muita água chorada…

a mesma rosa menina
falava com os meus botões
da lapela até ao bolso
numa viagem sentida.

talvez não tenha direito
a uns minutos de fama
nas notícias dos jornais.
é uma rosa colorida

no meu casaco poema
                                                                                                 Aguarela de Ivone Martins

domingo, 13 de novembro de 2011

Livro "mãos verdadeiras" - Apresentação em Newark

       Foram muitos os amigos
as mãos e os poemas!


“Só mãos verdadeiras escrevem poemas verdadeiros. 
Não vejo nenhuma diferença de princípio  entre um aperto de mão e um poema”. 
    Paul Celan
Fotos de Cândido Mesquita. Obrigado!  Para mais fotos, seguir o link:
https://plus.google.com/105480891457059094223/posts#photos/105480891457059094223/albums/5673580740647415249

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

um simples gesto - 5



há dias dentro dos dias
das horas de dentro minutos
de fora do coração
e do relógio. outras horas
que se movem por dentro e
entro noutros dias
que não os meus

os dias dos sois
e a noite das duas luas
palavras e do gesto.
este teu e aquelas
minhas


                   
                               Arte de Ivone Martins                 In:"O livro dos gestos", (inédito) João S Martins