terça-feira, 3 de julho de 2012

vice-versa


chegará sem dúvida o momento
inevitável, em que eu ou tu estaremos
na sala, sós, olhando literalmente
para a janela uma das muitas janelas
de ontem, ou do amanhã entreaberto.

e eu lerei para ti, ou alguém virá ler
para mim, a tua carta ou um qualquer jornal.
a voz será mais importante e suave
que as notícias ou os resultados
dos políticos ou dos concursos desportivos.

se for dia dos teus anos cantarei,
ou se for o meu aniversário dirão:
parabéns (pela longa vida?) por tudo
quanto a idade permitiu fazer
ao longo dos dias de inverno mais curtos.

                                           (...)  depois…
vamos cortar só para nós dois o bolo e
saborear. tu lês e eu escuto e, num sorriso,
dirás para mim: parabéns e eu direi
muitos anos de vida. adormeceremos então

ou vice-versa…

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