Do formão fazes caneta,da tábua, folha sedenta,nasce do tronco um poema,golpe a golpe, letra a letra,que no fim soa a soneto.
Nos meus poemas limo arestasusando esta madeira e estas mãos,o tempo irá trazer a lume e dará corà voz macia que o poema encorpa;da madeira-matéria escolho a formarisco, desenho e deixo sossegar.
“Corto aqui, junto acolá”,(como o meu pai diriae fazia com as raízes)viro e reviro palavras e sentidos,a todas quero dar o lugar certo;estas estão mui longas, outras perto,e para o verniz final estendo a pena.Depois, em repouso o pensamento voa,lê uma vez mais... relê, revive e toca,dando às palavras a sua própria voz,que outros lhe darão brilho final.
In: "mãos verdadeiras" - João S Martins, 2011- Esculturas de Eduardo Martins
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