sexta-feira, 22 de novembro de 2013

histórias em silêncio

agora ou mais tarde lerei
o que ainda não escrevi
 
adivinharei o caminho
pensado entre as linhas
 
escitas onde as palavras
me levam. outro caminho
 
descoberto novos rastos
num jogo de cabra-cega

que está para além da venda
que me cobre os olhos
 
e os mapas. esses leio
e deixo a natureza falar

nas histórias que no vento
a noite em silêncio conta!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

a noite e o dia e a noite

o dia anseia pelo escuro repouso
noite fora altas horas as estrelas
despertam saudades do sol
 
ali ao lado a casa da lua
porta com porta com o silêncio da rua
na vizinhança das sombras

as folhas pendentes no tronco são
palavras dormentes não ditas
as mesmas que o chão aguarda

e o fogo lento que até então aquece
enrola-se na cinza e esmorece nas horas
em que quase tudo ou nada acontece

as mãos limpam os vidros molhados
dos sonhos e das melodias que escorrem
reflexos de um interior que arrefece
 
se reanima volta a si e esfuma
(sem respostas na contínua rotunda)
saudade repetente de um tempo antigo
 
que não volta a acender a vela
a candeia a lareira a alma
as mãos vazias (e a esperança?!...)
 
na noite que se fecha dia após dia

terça-feira, 19 de novembro de 2013

o outro correio


(...) É o “antigo correio” que agora nos chega por meios contemporâneos. É mais rápido e eficiente, mas nem sempre substitui o antigo. Que bem sabe reviver depois, reler, revisitar esses textos reais e imateriais de informação, as fotografias arquivadas nas pastas do computador.
Mesmo assim, para esses momentos privados, prefiro segurar nas mãos uma folha de papel, com cheiro ao longe, à terra e à tinta, às roupas de quem a escreveu, colou um selo no envelope que segurou junto ao peito, talvez com um beijo transportado às escondidas, não vão os correios cobrar um selo extra pelo “peso” das saudades! Seja deste correio ou do outro, o melhor, mesmo, será continuar a escrever!
Já agora: "escreve-me uma carta"!...

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Carta aos rostos de Villanova


Aos rostos de Villanova:

depois de uma leitura 2
ou
coisas do coração
 
há espaços que não vêm nos mapas
convencionais apenas nos tempos
dos sorrisos e da escola. 
 
nos mapas há espacos únicos
só aí poderei colocar as pessoas
e os sentimentos

 
se uma palavra é pedra da calçada
palavra mais palavra se faz rua
de palavras e ruas se faz villa
 
o que eu quero dizer os adjectivos estão
no bolso do casaco no lado esquerdo
coisas do coração


Foram horas tão cheias que pareceu uma vida, ricas e tão densas que pareceram breves minutos. Mas cheios!
A diferença de um dia! Um dia e um UM POEMA EM FORMA DE L (leitura, língua, linguagem, livro, livre...) A vivência entre livros a palavras, de escrever e ler, na infância (do livro inédito "quando menino eu lia...") e na emigração (do livro também inédito "Ferry Street Rua da Palavra"). Enfim, muitas, todas as palavras "inéditas"!... ao mesmo tempo já revisitadas de muitas viagens.
Senti a ânsia de beber palavras trazidas noutro tom, noutra música. E não havia sombras neste teatro, na praça do sabor das palavras. As memórias ficam. Com elas as imagens, com estas os sorrisos, mesmo perante um livro amarelado com um poema branco... cheio de perguntas e desafios, prenhe de respostas e mais questões.
Por que rua me levas tu, minha palavra. 
Afinal, a cada passo, tudo é novo, na rua, na villa, 
na cidade... das palavras.

 
"Abraço é o espaço para lá dos braços" 
 
Com um abraço 
e uma palavra bem portuguesa...
Obrigado!


(Depois de uma leitura 
VILLANOVA UNIVERSITY, PA
em 11 de Novembro de 2013)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Parabéns, Pai! Senhor das "mãos verdadeiras"

Com muito CARINHO

Julieta
João
Rosa Maria
Eduardo Manuel
Paula Maria
João Pedro
Carlos Eduardo
Carol
Bernardo
Leonor
Ivone
Evaristo
Cristina

e muitos beijos... muitas saudades... muitos amigos!                             

domingo, 10 de novembro de 2013

Alunos de POR108 da Princeton University em Newark

"No dia 8 de novembro de 2013, os alunos de POR108 da Princeton University, que começaram a estudar português há quase dois meses, visitaram a comunidade portuguesa e brasileira no Ironbound em Newark, NJ. Foram acompanhados pelos professores Nicola Cooney, Andrea Melloni, Megwen May Loveless e Luis Gonçalves. Na Ferry Street, foram à Teixeira's Bakery, onde provaram pastelaria portuguesa - os pastéis de nata foram um sucesso. Depois, visitaram o jornal Luso-Americano, o mais antigo jornal de língua portuguesa dos EUA e muito agradecemos ao jornalista Luis Pires a disponibilidade para nos receber e falar connosco. Depois fomos ao Sport Clube Português de Newark, onde falámos primeiro com o artista plástico Fernando Silva (que fez e pintou os azulejos que vocês podem ver na Teixeira's no vídeo e tem o seu trabalho em 38 estados americanos) e com o escritor e escultor Joao Martins, que nos falou do projeto "Ferry Street, rua da palavra". Depois, terminámos a visita com uma noite de Fado com a fadista Fatima Santos, a quem muito agradecemos, no restaurante Pic Nic. Este é um curto vídeo sobre o dia."

https://www.facebook.com/photo.php?v=10152031253215330&set=vb.689930329&type=2&theater
 
Vídeo do Professor Luis Gonçalves

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

perfeição

na perseguição da palavra
perfeita corremos o risco
de ficar calados o que
não é necessáriamente
o mesmo que em silêncio

semelhante será a palavra
escondida por medo
de dizer algo errado.
de bonita ficará para tia
não sai da janela nem produz.

domingo, 3 de novembro de 2013

o sentido da casa




"Well, I am still a traveler and I don't know where
I live. If my home is here, inside my breast,
light it up! And I will invite you in as my first guest."

                                                  John Logan

uma casa pode ter
um sentido maior que apenas
paredes telhado e porta

o que por si já seria bom
para pendurar as memórias
dos tempos nas paredes

depois de as trazermos
ficando a marcar a vida
no regresso das viagens.

depois de entrarmos porta
dentro deste lugar
a que chamamos nosso

nem seria necessário
ter porta de fechar. assim
os amigos entrariam

e as vozes e as conversas
poderiam circular livres
pelas ruas da cidade.

do telhado viria a certeza
de que a chuva não molharia
a roupa e os ossos apenas

regaria as flores o pão e o vinho
que habitariam a casa juntamente 
com as mãos o cão e as histórias.

e nesta casa que é o meu peito
cada um de vós será o primeiro
convidado da grande festa