sábado, 10 de dezembro de 2011

poema - caminhos

Era tarde, quase noite de Inverno e da vida, e a primavera já se fora; parado na encruzilhada, à espera do sinal e da luz, ele lá estava…
As viagens foram longas,
o comboio linha fora;
já há muito que se apeara
na vida mal iluminada,
deixando para traz
o conforto da estação.
A casa era distante
e o percurso longo,
mais longo que a lentidão dos anos.
Não o cansara a viagem nem 
o assustavam os caminhos.
Lá de onde vinha trazia certezas
e a consciência de paz.
Sabia para onde ia, mas, 
por momentos, sentira-se só.

Esperava um sorriso da luz 
ainda sem cor, um sim 
verde que tardava em chegar.

Era tarde, era noite,
e, junto à luz, ele lá estava…
na esperança de chegar a casa,
na ânsia do repouso merecido,
andava, afinal, à boleia da vida.


Aguarela de Ivone Martins                                                        

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