quinta-feira, 16 de junho de 2011

poema bordado


menino desdobra o sonho
bordadeira estica a linha
branco torçal tricotado
enrola menina a lã
tear de nós e de fios,
fura a agulha, borda e tece
cartas, novelos, e à noite:
avozinha só mais uma
mãos enroladas nas horas
desfia os dias, os lenços,
o xaile, o véu das saudades
junta-lhe esperanças, viagens
de vai e vem sem parar
o coração bate, salta,
fala, escreve e manda beijos.
bordadeira canta e conta
as estrelas e amanhã,
na partida ou no regresso,
entrelaça-me em teu sonho.
              
                 Toalha de linho bordada pela minha mãe Julieta Saraiva

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