segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

   ESCRITA DO NADA (aparente) AO QUASE NADA…
Notícia após notícia vão chegando da velhice as novidades, as partidas, histórias feitas longe de outras vidas que na roda do tempo vão girando. Manhãs há em que converso contigo, e tu me dizes ao ouvido: “Olá, amigo…”, à tardinha já só a saudade fala, tento ouvir a tua voz e não consigo. Chegaram mais notícias (más notícias) e do nada que surgiu depois de ti ficou aquele espaço misterioso, um quase vazio: não te escuto. Podes ter um nome teu, o meu ou de outro, será a imagem do escondido; entre o nada e o quase não distingo a tua face rica, fria e vaga, rosto universal, de muitos e de todos. 
E digo-te: “Até logo … Até breve... JC” como ontem disse ao teu e ao meu amigo…

domingo, 27 de fevereiro de 2011

OS SONS DA ARTE E DO SILÊNCIO 3



Nos poemas limo arestas                                          Raízes reinventadas passo a passo                        Madeira, raiz sã,
usando esta madeira e estas mãos,                      estendidas mundo fora;                                              palavras do coração
o tempo irá trazer lume e dará cor                       laços dão voltas, regressam                                     fruto das mãos
à voz macia que o poema encorpa;                      às mãos que lhe deram forma.
da madeira-matéria escolho a forma
risco, desenho e deixo sossegar.                                                                               Obras em madeira de Eduardo Martins

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

OS SONS DA ARTE E DO SILÊNCIO 2

Na biblioteca da vida são muitos os livros sequencialmente organizados nas prateleiras dos anos, fruto do labor e da paixão, de tantas e tantas horas escritas: hoje a poesia, amanhã o romance, logo o drama; aqui cânticos de esperança, além dicionários à espera de serem usados para definir significados e origens, manuais escolares de tantas épocas e eras, cartas, atlas, mapas, cronologias, contos, história e histórias... enfim, tantos e tantos livros. Mesmo assim, há quase sempre um livro que falta, “o livro das horas” da vida que se vai escrevendo raíz por raíz, erguendo-se tronco a tronco, capítulo por capítulo, instante a instante. 

     Pelo meio, albuns de fotografias...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Escultor Eduardo Martins


OS SONS
DA ARTE
E DO
SILÊNCIO


“um homem está sempre em construção ... ”

domingo, 20 de fevereiro de 2011

rendilhadas subtilezas do amor


rasgar espumas prolongadas
em fatias de vento 

levar nuvens e cortinas
para lá das janelas e 
colher a luz da corrente 

de um ramo de sonhos
fazer uma jarra ou
um livro de histórias

soltar tintas e estrelas
ser vela de navio
bordadeira de palavras gestos 

com as mãos do romance





      When we love what we do...
      When we do what we love...
      When we really love...
      We do lovely things...


      With all my mom's Love




As mãos da minha mãe!...
           (escultura de João S Martins)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Cesto de flores

Cesto de flores (aguarela de Ivone Martins)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

valentim


Flor (arte de João P. Martins)
hoje estarei de olhos abertos
e coração acordado para escutar
as palavras que fogem aos ouvidos
e os sinais que o vento possa afastar
do teu rosto. irei preparar
o jantar como faço noutros dias
hoje com renovado sabor e direi

que as madeixas do teu cabelo
refletem uma áurea diferente talvez
a mesma de tantos outros dias
aquela que hoje eu vejo nova
porque hoje é dia de sentir
o teu perfume de sempre que
o vento deixa em minha mão

talvez a diferença não esteja no dia
nem em ti mas no meu olhar
nas minhas mãos na minha boca
e por isso te digo que hoje é dia
de ser o dia em que tudo é diferente
até o teu sorriso e porque não o meu
o dia em que o meu silêncio fala com o teu
                                                
                                                    valentim


domingo, 13 de fevereiro de 2011

o poema nosso de cada dia



o poema nosso de cada dia nos dai hoje,  amanhã e sempre… se não for poema, pelo menos um livro, ainda que pequenino!  se isso for pedir muito, um texto, uma carta, uma frase… uma oração bem escrita!... e caso não seja muito bem escrita, pelo menos que seja escrita, escrita em português ou noutra qualquer língua de humanos, para que possa ser lida e escutada pela mente e coração dos humanos!...

troncos raízes silêncio


“ de volta ao tempo sem tempo
sonhando um sonho sem sono
se acordar na madrugada
a raiz do pensamento
ainda iremos a tempo
de escutar a poesia
as cartas por nós escritas
nas folhas que traz o vento ”

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Mãos verdadeiras

 
Mãos de Eduardo Martins (escultura de João S Martins)

“Só mãos verdadeiras escrevem poemas verdadeiros.
Não vejo nenhuma diferença de princípio  
entre um aperto de mão e um poema”.

Paul Celan, “Carta a Hans Benderm”

quadro de amor de Maria


Aguarela de Ivone Martins
o seu nome era Maria
Maria amava e pintava

pintava como quem vê
uma luz na folha branca

como quem amplia a vida
o espaço e o sorriso

era Maria a pintar
a Maria de sonhar

coloria sonhos altas horas 
sonhos de pintar e aquecer 

a noite entre lençois e cobertores 
todos criam que sonhava a cores!...

queria ser mais que Maria
de amor mais colorido

Maria da Luz brilhante
Maria do Céu azul
Maria das Dores (algumas)
Maria do Sol de esperança

mas certamente Maria
Maria das muitas cores

eternamente pintura
era um fresco sempre jovem
pintava Maria e amava
cores de mãe quem as não tem?!...

e Maria assim pintava
os seus quadros do amanhã

amava a vida num sonho
sonho que Maria sonhava
sonhava Maria e pintava
Maria sonhava e amava!

nos sonhos e vida eu amava
Maria de amor sem fim

mãos de Maria


mistérios e segredos: recolher nas mãos
o cair da noite
nelas esconder o olhar transparente
de um rio
apanhar os laços da estrela fulgente
da aurora
Mãos de Maria (escultura de João S Martins)
desenhar num sorriso o olhar e o rosto
de um filho
assistir ao parto de um dia que a medo
desperta
desejos presentes em riscos de luz
interiores
nas mãos que soletram as letras de um corpo  
em silêncio
não vão os frágeis sons acordar as palavras 
de vidro
os beijos e os sonhos à espera da noite
hora a hora
o dia é a noite que a madrugada
clareia
a noite é um dia que chega à tardinha
e adormece

            são coisas da noite e do dia
sonhos do sol da lua

Escultor Eduardo Martins

"Dia da Criação"

... com alma de artista “… olha-se para um tronco de um lado, vira-se para o outro, por vezes vê-se-lhe logo algo, sugere-nos qualquer coisa, uma forma, uma figura; outras vezes, nada de interessante se descobre, mas mesmo assim leva-se, pois ainda pode vir a ser útil. Mais tarde se verá o que fazer dele”.

As formas começam a definir-se e “… com um pequeno corte aqui, um toque acolá, o virar da peça, vê-la de um ângulo diferente, e aí temos: um animal , um pastor, o cão, a ovelha, a tartaruga, a cabra a parir a cria…” (gosto mais de lhe continuar a chamar bichos).