sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

poema do pudim flan


vinte anos depois 
(se for trinta ou trinta e cinco
pouca diferença faz, para o caso) 

então, um pudim de ovos no forno em banho-maria,
hoje um flan, cozinhado na panela de pressão.
mudam-se os tempos... 

no meio do nervosismo da inexperiência,
aquele demorou, pelo menos, hora e meia de cozedura,
depois de minuciosamente ler as instruções
na tele-culinária, o que já me levara outra meia hora. 

este, agora, preparado em quinze minutos,
outros quinze para cozinhar,
depois de a panela ganhar pressão,
mais quinze para manter a cozedura e 
depois o tempo necessário para serenar. 

era o teu aniversário,
tal como então quis surpreender-te
hoje é o nosso aniversário,
de surpresa em surpresa,
tal como ontem, um pudim 

aquele, na memória,
este, agora, de memória,
de memórias, açúcar,
momentos doces condensados...
e muito calor 

vinte anos depois 
(se forem trinta ou trinta e cinco
pouca diferença faz, para o caso),
os aniversários são assim,
não têm dia, têm dias... 

ansioso para que chegue o fim do jantar,
esperam-nos duas taças, duas fatias, duas velas,
beijos, ...  
feliz aniversário!













(fotografia de autor que desconheço)
 

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