domingo, 15 de junho de 2014

pianíssimo

a misteriosa invisibilidade do vento
é como um prelúdio de debussy
corre o piano entre os dedos
e nele os olhos divisam um véu ténue
afago em delicados gestos únicos
frases soam translúcidas suspensas
na adivinhada voluptuosidade das cortinas
sopradas nesta brisa interior invisível
pensamento decantado subtil
jogo de encantamento “da capo”
há cascatas condensadas
na pele a água corre em sintonia
deixando vogar um tilintar em crescendo
múltiplo compasso binário prolongado
nos gestos saídos das linhas paralelas
da sinfonia viva que acontece
no despertar de uma nota só

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