sábado, 7 de setembro de 2013

a fome e o silêncio ou vice-versa

tenho os dentes gastos
de tanto silêncio mastigar
e afiados de cortar as palavras
para digerir os sentimentos
que lhes dão corpo
 
de fome me calo
sem força para falar
e calado sinto a fome
de soltar as palavras presas
na angústia das mãos
 
de silêncios outras vezes
me alimento e mastigo
securas desesperadas
essa aridez que me preenche
a boca e o olhar
 
enquanto aguardo uma palavra
que me alimente o silêncio
feito das raízes por nascer
saboreio a esperança
ou vice-versa

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