segunda-feira, 25 de março de 2013

depois de uma leitura



"broken english"
ou a
polifonia de sonhos intactos


pode ser partida a minha fala
mantenho os sonhos intactos
(sempre ou quase exceptuando
breves momentos de dúvida e dores).
se bem que os sonhos podem ser
sonhados em qualquer linguagem
torna-se mais fácil sonhar
nas palavras que aprendi
com o leite e com os sonhos maternos

são tão universais como o coração
com o devido respeito pelas singularidades
deste e daqueles
quando escutamos nas ruas o linguarejar
e os adivinhamos nos rostos dos passantes
aí nessa rua de todos e de todos os sonhos
nessa rua que é casa também.

em casa sonhávamos e falávamos em polifonia:
na minha linguagem de berço ensinava os filhos
daí dependiam os laços com o longe e o tempo
e na linguagem deles eu aprendia as novas cores
dos sonhos. e de palavra em palavra de sonho
em sonho e nos verbos do coração
em vez de laços quebrados
tínhamos braços ligados

desde o tempo
em que os sentimentos nos ficaram
das raízes doutros tempos
e os sonhos ligaram as raízes aos frutos.

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