segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

primeiras neves


muitíssimas vezes     na impossibilidade de dizer as boas palavras
numa composição que possa seduzir quem nos ouve
procuramos refúgio na escrita
aqui temos abrigo
acendemos o lume e acrescentamos o que podemos à evolução dos
                                                                                              mundos
os lábios      que poderiam estar activos no acto da fala
são uma fronteira entre a alma e as cinzas
lá fora     as primeiras neves

ABEL NEVES


In Deitar a Língua de Fora,
Lisboa: Língua Morta, 2012

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