sábado, 26 de janeiro de 2013

outros poemas de café

 3.

uma bica
de água fria
refresca
mata o desejo.
incendeiam-se os
lábios na chávena
quente
da bica

4.
agora na rua
moido em grão
mexido às voltas
de um aroma
que mostra
o caminho.
para ti

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

salva das águas...

e o velho se fez novo!...


Esculpir é também  salvar a madeira perdida
nas águas de um rio... e dela fazer uma mesa!

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

poemas de café - um café duplo


1.
um café de distância
de saudade doce.
eu bebi. bebeste-me.
e enquanto bebia
bebi-a.
agora acabou.
o café?... 

2.
vai-vem de espuma
creme do índico
travo de águas
e canela.
vem vem na espuma
de sabor profundo
ondas do café
na maresia

domingo, 20 de janeiro de 2013

sem nome (ainda...)






(a mais recente escultura, em progresso, ainda sem nome...
tendo como ponto de partida um desenho de Fernando Silva)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

primeiras neves


muitíssimas vezes     na impossibilidade de dizer as boas palavras
numa composição que possa seduzir quem nos ouve
procuramos refúgio na escrita
aqui temos abrigo
acendemos o lume e acrescentamos o que podemos à evolução dos
                                                                                              mundos
os lábios      que poderiam estar activos no acto da fala
são uma fronteira entre a alma e as cinzas
lá fora     as primeiras neves

ABEL NEVES


In Deitar a Língua de Fora,
Lisboa: Língua Morta, 2012

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

visita guiada


nem só de pedras e de céu se faz a serra.
da água e do ar que nos percorrem
do azul e das palavras que nos vestem
e se derramam em folhas ou nos rios
das bocas ou dos beijos entre as fragas
e abraços desenhados por estrelas
no pino do verão ou no degelo.

se o meu inverno fosse só interior
e de ventos a soprar as sombras
trariam luz às ruas da minha alma.

os cantos dos jardins têm aroma e silvas
- dizes bem - e beijos escondidos
aos pares. mesmo assim já noite fora
as nuvens vão teimando com a cidade
em apostas de quem primeiro escutará
em tua boca o pregão de acordar o sol 
seja dezembro ou manhã de qualquer mês

                                                                    Arte de Ivone Martins

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

segredo



um ano pode ser um ovo. ou a mãe. pode ter brilho de pele. ou uma cor quente que nos envolva. uma gruta onde as curvas sejam balanços. um colo de saudade. ou um segredo

  (a minha mais recente escultura em madeira ainda em progresso)