sentado numa pedra via águas correntes
e quando menos esperava via
nascer poemas nas margens dos rios.
é nos rios que navegam os poemascolhidos nas margens tantospoemas à margem da água que rega
e gera poemas e rios contidosnas margens poemas invadidos.
nos campos onde crescem e se colhem
os poemas o coração transborda
para as margens e a espuma dos riose os poemas frutos maduros
seguem o caudal da água até ao mar
até mais longe até à vida.
na época fértil os poemas-peixes
sobem à nascente e multiplicam
os versos fecundados de vida
e fazem a rede que liga o rio
da nascente ao mar às margens.
nas linhas nas malhas nos nós
das letras em palavras-barco tecelão
de agulha caneta feita mastro
ciclo de marinheiro aprendiz
nascido nas margens viçosas
onde cresciam ervas florese versos e à beira-rio ondecresciam violetas ao comprido
In: "quando menino eu lia...", João S Martins, inédito
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