segunda-feira, 13 de agosto de 2012

nas margens do rio de outra babilónia


 
sentado numa pedra via águas correntes
e quando menos esperava via
nascer poemas nas margens dos rios.
é nos rios que navegam os poemas
colhidos nas margens tantos
poemas à margem da água que rega
e gera poemas e rios contidos
nas margens poemas invadidos.
nos campos onde crescem e se colhem
os poemas o coração transborda
para as margens e a espuma dos rios
e os poemas frutos maduros
seguem o caudal da água até ao mar
até  mais longe até à vida.
na época fértil os poemas-peixes
sobem à nascente e multiplicam
os versos fecundados de vida
e fazem a rede que liga o rio
da nascente ao mar às margens.
nas linhas nas malhas nos nós
das letras em palavras-barco tecelão
de agulha caneta feita mastro
ciclo de marinheiro aprendiz
nascido nas margens viçosas
onde cresciam ervas flores
e versos e à beira-rio onde
cresciam violetas ao comprido
           
          In: "quando menino eu lia...", João S Martins, inédito

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