O segredo da escrita está na leitura
e em muitas folhas brancas.
e em muitas folhas brancas.
O da poesia está na leitura,
no olhar e no coração.
no olhar e no coração.
entramos na vidae ela acontecede abrirmos a porta.a vida acontecesem nós? a vidacomo seráa dos outros quenão dependemde nós quandosem eles a vidaacontece para mim?acontecerá? mesmoassim neste emaranhadode vidas. a vida precisade vidas para ser vividamesmo que depoisde entrar ao saircerremos a porta.há vidas para lá da porta… é a vida
a pintura
de um gestoum gritode luzum gemido
de jazz
a marca
de um péum silênciocortado
a cadênciade um astro
um sopro
do vento
a palavra
redondao aromade um cháum beijotirado
um instanteem segredo(...)
o acaso éuma obra de arte!
I.maria, hoje colhe
a recepcionista perguntou:o seu nomeou ter-lho-á ele ditosem ela lho pedir.
pronunciou-o de um fôlego sóe entre lábios o repetiu repetiuduas três cinco ou mais vezesseparadas por intervaloscomo quem pára a pensar e querter certezas.
di-lo-ia para ela ou para si?
sentou-se numa cadeiraà espera na sala e repetia repetiasílabas quase mudas (o nome?)na esperança de não esqueceralguma parte de si
cada vez mais lenta e pausadamente,tentando juntar as peças de um puzzle,ligar letras e nomes números e datas,reunir os módulos de uma mesa,de um livro, um cartão de identidade
juntar as partes de um nome éreunir os ossos de um corpopara que não falhe nem umnem desapareçam ou caiamno esquecimento: as peças,as sílabas, o nome (ele próprio?)
se um nome se vai quem fica? sentou-sepor entre um silêncio que não conhecia nomes.
precisa-se: sismógrafode emoções e sentimentossincero detector de verdadesinterruptor da luz do túnel
fazem parte da lista de aparelhos(simples?) a inventarjuntamente com um aquecedor(eléctrico a gás ou qualqueroutra fonte calor) para derretero gelo dos corações empedernidos.
tudo o mais cabe na mentecomo já realizado. mesmoos robôs mais produtivosde versos tecnicamente correctossem riscos de interpretações erróneasou de ferir sensibilidadesmenos poéticas...
no canto da insatisfaçãohá uma desistência progressivauma reforçada ausênciaque empurra e invoca.
pouca poesia há em empurrarnão é a mais fina das palavraspara espelhar uma fuga ondenão há rimas nem métricas
possíveis para a palavra viagem
do barco do ferrodas línguas de fogodas águas das terras
distantes. do tempoesgotado de tempoem aberto aos ventosdos tempos. com econo eco dos tempos