segunda-feira, 30 de abril de 2012

ler ler e ler ... ler muito


 O segredo da escrita está na leitura
e em muitas folhas brancas.
O da poesia está na leitura,
no olhar e no coração.

sábado, 28 de abril de 2012

vidas


entramos na vida
e ela acontece
já acontecia antes
de abrirmos a porta.

a vida acontece
sem nós? a vida
como será
a dos outros que

não dependem
de nós quando
sem eles a vida
acontece para mim?

acontecerá? mesmo
assim neste emaranhado
de vidas. a vida precisa
de vidas para ser vivida

mesmo que depois
de entrar ao sair
cerremos a porta.
há vidas para lá da porta

… é a vida

quinta-feira, 26 de abril de 2012

poema ao acaso

a pintura
de um gesto
um grito
na noite
um traço
de luz
um gemido
de jazz
a marca
de um pé
um silêncio
cortado
a cadência
de um astro
um sopro
do vento
a palavra
redonda
o aroma
de um chá
um beijo
tirado
um instante
em segredo
(...)

o acaso é
uma obra de arte!

domingo, 22 de abril de 2012

mãos mãos

              mãos de laços, mãos e abraços de mãos

 





 
                  

quarta-feira, 18 de abril de 2012

mãos


necessito colar peça por peça
todos os pedaços desta noite deste dia
que aí vem mesmo sem que eu meça
as horas que me aguardam: de harmonia

ou de espera, para que as partes se reunam
ganhem o sentido que lhe foi roubado
nestes instantes em que a novidade
é a luz que desperta em qualquer lado

estender os braços para colher a aurora
é um sonho desperto em modo de acordado
na recolha dos cacos, dos farrapos, da figura 

desmembrada, das parcelas que a compunham
nesse todo que agora recomeça a se abraçar
ao dia que adiante se lhe oferece

segunda-feira, 16 de abril de 2012

cavalinho da minha infância




nele viajavam meus sonhos
veloz cavalinho da minha infância

os meus pés não chegavam ao chão
e eu corria o mundo a galope

coloridos cavalos e sonhos
pintavam os meus dias de menino

sexta-feira, 13 de abril de 2012

parabéns a você

I.maria, hoje colhe
um ramo de flores perfumadas
sejam rosas ou rosmaninho

põe um lenço bem garrido
lê um cartão inventado

visita as fotografias ou
a página de um poemário

veste um sorriso rasgado
é dia de aniversário

de “parabéns a você”

quarta-feira, 11 de abril de 2012

nome

a recepcionista perguntou:
o seu nome
ou ter-lho-á ele dito
sem ela lho pedir.

pronunciou-o de um fôlego só
e entre lábios o repetiu repetiu
duas três cinco ou mais vezes
separadas por intervalos
como quem pára a pensar e quer
ter certezas.

di-lo-ia para ela ou para si?

sentou-se numa cadeira
à espera na sala e repetia repetia
sílabas quase mudas (o nome?)
na esperança de não esquecer
alguma parte de si

cada vez mais lenta e pausadamente,
tentando juntar as peças de um puzzle,
ligar letras e nomes números e datas,
reunir os módulos de uma mesa,
de um livro, um cartão de identidade

juntar as partes de um nome é
reunir os ossos de um corpo
para que não falhe nem um
nem desapareçam ou caiam
no esquecimento: as peças,
as sílabas, o nome (ele próprio?)

se um nome se vai quem fica? sentou-se
por entre um silêncio que não conhecia nomes.

domingo, 8 de abril de 2012

a nova criação

sábado, 7 de abril de 2012

lista de invenções

precisa-se: sismógrafo
de emoções e sentimentos
sincero detector de verdades
interruptor da luz do túnel

fazem parte da lista de aparelhos
(simples?) a inventar
juntamente com um aquecedor
(eléctrico a gás ou qualquer
outra fonte calor) para derreter
o gelo dos corações empedernidos.

tudo o mais cabe na mente
como já realizado. mesmo
os robôs mais produtivos
de versos tecnicamente correctos
sem riscos de interpretações erróneas
ou de ferir sensibilidades
menos poéticas...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

a palavra viagem

no canto da insatisfação
há uma desistência progressiva
uma reforçada ausência
que empurra e invoca.

pouca poesia há em empurrar
não é a mais fina das palavras
para espelhar uma fuga onde
não há rimas nem métricas

possíveis para a palavra viagem

segunda-feira, 2 de abril de 2012

rua do tempo

ecos da rua do tempo
do barco do ferro
das línguas de fogo
das águas das terras

distantes. do tempo
esgotado de tempo
em aberto aos ventos
dos tempos. com eco
no eco dos tempos