quarta-feira, 16 de novembro de 2011

poema - os sorrisos das raízes

                   A meu pai, "senhor da arte e das mãos verdadeiras"

se o vento ou as folhas de ontem
me tivessem dito que as mãos
as minhas e as tuas correriam
nas matas tocando troncos e ramos
talvez os meus olhos rissem
de surpresa incrédulos de júbilo.

hoje rio no teu riso e há um rio
nas tuas mãos fecundas que sorriem
nas minhas que não estão orfãs.

tantas vezes nossas mãos percorreram
os caminhos das estrelas lado a lado
as vejo juntas com a madeira.
e assim serão mesmo que troncos
ramos folhas e dedos viajem para lá
onde as raízes hibernam e dormem

as flores das novas estações.
                                                                                              Fotografia  de Cândido Mesquita

 

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