DA ARTE
E DO
Eduardo MartinsSILÊNCIO
o artesão poeta da madeira
a dor que anda na noitede quem não esquece o que erasentir dor e só esperaque um dia me recordes
enquanto me viro e voltoa deitar para o lado soltodeixo que a dor adormeçanoite fora e eu não esqueça
que juntando amor à dorà espera que seja diatalvez encontre na doruns instantes de alegria
a ferry street não pára
não há feriados nem folgas
só há sábados e domingos
e muitos dias de semana
dia a dia nela passam
os cansaços as pernas dos sonhos e as férias
que os aviões sobrevoam
as montras reflectem
rostos e imagens do longe.
sem salas de cinema a ferry
é uma sessão contínua
de passos e momentos
de adeus nuvens e beijos
um comboio lá ao fundo
e corações e países
ferry street... o que me dizes? ... a quem o dizes!...
se tu me lesses à noite
escutarias as vozesabafadas num lençoltenho palavras mudasque só os olhos escutampara que o som não se esvaiauma imagem um corpo são bem mais.
não acredito nessas mil palavrasque ensurdecemuma imagem (escrita)vale mais que as palavrase todos versos mal ditos
ainda assim fala ... fala-me
se o vento ou as folhas de ontem
me tivessem dito que as mãos
as minhas e as tuas correriam
nas matas tocando troncos e ramos
talvez os meus olhos rissem
de surpresa incrédulos de júbilo.
hoje rio no teu riso e há um rio
nas tuas mãos fecundas que sorriem
nas minhas que não estão orfãs.
tantas vezes nossas mãos percorreram
os caminhos das estrelas lado a lado
as vejo juntas com a madeira.
e assim serão mesmo que troncos
ramos folhas e dedos viajem para lá
onde as raízes hibernam e dormem
as flores das novas estações.
tinha uma rosa meninana lapela do casacose a olhava sorriasonhava e adormecia...
tinha a rosa desfolhadano bolso do meu poemapor falta de luz secarapela muita água chorada…
a mesma rosa meninafalava com os meus botõesda lapela até ao bolsonuma viagem sentida.
talvez não tenha direitoa uns minutos de famanas notícias dos jornais.é uma rosa colorida
no meu casaco poema
Apresentação do livro
a vida de uma árvore