domingo, 31 de julho de 2011

livro "mãos verdadeiras" - Manteigas

 
 
Manteigas 

Centro Cívico 
24 de Julho

Apoio

Câmara Municipal de Manteigas
*
 Centro Cultural
Os Serranos




Apresentação do livro de poemas "mãos verdadeiras" dedicado a meu pai
Eduardo Martins  "... espelho da poesia das mãos"

poema - a escola

Não me lembro da tua escola,
por lá andaste e te fizeste homem,
nem sei se te vi na minha escola
homem feito andavas vida fora.

No dia do meu exame
de uma quarta classe desenvolta,
assim o pretendia a professora,
não sei se espreitaste pela porta
(“eram contas de outro rosário”
assim dizias... “vamos,
há que ir trabalhar” ).

Com outros instrumentos, ferramentas,
construías lições, davas lições, e a pedra
que de mim recebia letras e números,
para ti era alicerce, parede, telhado.
O lápis atrás da orelha via longe,
os centímetros do metro eram mais
do que a minha régua podia imaginar.
Era outra a escola...

Certo dia bateste à porta
e deste-me uma caneta de cores
que trouxeras da viagem,
da escola da distância.

Sem entrares na sala de aula me ensinaste
que um mundo tem mais cores e caminhos
que quantos um mapa pode deixar ler,
que as notas de música
também contam histórias,
que a escrita tem mais sentidos
que quantos eu pudesse imaginar.

Hoje dentro do meu mundo
tenho lápis, canetas e cores,
ferramentas preferidas do meu mundo,
desde o dia da oferta
da caneta que trouxeste de lá,
onde se aprende a vida.

Por isso te escrevo.

                In: "mãos verdadeiras" - João S Martins, 2011 
                      Pintura a óleo de Mateus Costa

sábado, 30 de julho de 2011

livro "mãos verdadeiras" - Lisboa










Lisboa 
23 de Julho 
Auditório do Campo Grande



Apresentação do livro "mãos verdadeiras", entre poetas, amigos e familiares,  apoio da Editora Temas Originais - Xavier Zarco e apresentação do poeta José Félix

sexta-feira, 29 de julho de 2011

OS SONS DA ARTE E DO SILÊNCIO 20 - S. Miguel

                             ... dois olhares
              quatro mãos...
        















  Escultura de João S Martins                                  Escultura de Eduardo Martins

quarta-feira, 27 de julho de 2011

livro - Quando toda a Esperança é Azul

 
Nas verdes algas semeaste o sonho e a juventude; ao longe, ou talvez perto, poderás encontrar a força que te move no amarelo do sol, no branco de mal-me-quer, e (desaponta) desponta no vermelho do fogo que te invade as veias, aquece ou queima; até na resistência ao roxo do desespero será possível encontrar

... a esperança que à minha frente,
na areia à beira-mar plantada,
vejo na imensidão do azul
que me fita e me confronta,
me afronta com tanta imensidão,
ao mesmo tempo que se rasga diante de mim,
luz de cometa ou estrela guia,
desbravando a noite e a distância,
deixando ver aqui um novo azul,
mais além um outro azul, outro e outro ainda,
todos eles pintados da esperança que navega,
voa e caminha ao ritmo de uma bateira
ou no rasgo das ondas do moliceiro; 
e haverá sempre uma estrela
da manhã ou do norte, um outro norte
apenas meu e do meu sonho
... azul da côr da distância e da minha esperança

In: "Quando toda a Esperança é Azul" - Felicidade Almeida / João S Martins, 2009


     Uma história de emigração, uma viagem e uma vida, da Torreira a Nova York, a viagem de uma vida, relatada na primeira pessoa por quem a viveu - Felicidade Almeida - e que, ao sonho de ir para a "América", juntou, dezenas de anos depois, em 2009, um outro sonho: o de publicar um livro com a sua história. 
     Durante anos a ajudei a dar vida a este projecto. Foi uma experiência única, pela riqueza que me touxe, ajudando-me a conhecer e a entender a vida da emigração para os Estados Unidos nas décadas de 50 e 60, a vida na América. Os mesmos desejos, vivências similares, o mesmo e grande sonho! 
     De qualquer cor, mas sempre da cor da esperança!...
 

domingo, 17 de julho de 2011

quando a menina lia...





sábado, 16 de julho de 2011

paraíso

"Não digas nada, dá-me só a mão.
Palavra de honra que não é preciso dizer nada, a mão chega."

                                                  António Lobo Antunes
            

sexta-feira, 15 de julho de 2011

livro - "quando menino eu lia..."



quando menino eu lia...
livros de menino em palavras
de menino com histórias de menino



lia linhas minúsculas pequenas
letras maiúsculas eram letras
de palavras de crescidos letras
grandes aos olhos de um menino.

quando era menino tinha pressa
de andar de correr de aprender
a ler e a fazer muitas outras
coisas reservadas aos grandes.
de sonho em sonho ia
avançando passo pequenino passo
grande tanto como a idade
     que nunca mais chegava



         Aguarelas de Fernando Silva                           In "quando menino eu lia..." - João S Martins, 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

poema - setembro novo



foi em setembro tempo de uvas
doces certezas e colheitas
de sol quente me contaram
e maçãs coradas com perfume
a terra jovem e a promessas


a mesa é grande e o sol dolente
doura o fim de verão... a noite
é uma carícia das estrelas
embalando os sonhos de ontem
e o regresso à nossa casa
em cada setembro novo

segunda-feira, 4 de julho de 2011

OS SONS DA ARTE E DO SILÊNCIO 19











a luz que de tuas mãos emana não mente 
são verdadeiras as mãos que descobrem
a palavra que as enforma e descreve 
os mapas onde as ruas e vielas são linhas 
vistas do alto as estrelas desenham
as coordenadas dos sonhos e dos poemas

sábado, 2 de julho de 2011

SALA DE VISITAS 10 - o guardador de rebanhos ("eu"pastor)


Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz
.
          Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)