AVÔ palavra linda

Carol
    Leonor
        Bernardo
            João
                Carlos 
com o artista Avô EDUARDO

palavras da montanha

que as palavras caminhem

e percorram o corpo

nesta geografia de montes

e instantes felizes

e as folhas e as bagas deslizando

entre as conversas e os troncos

do sopé ao cume adornem

nuvens e cabelos como pérolas

da fraga nascerão as águas das fontes

e nas penhas ao sol quente

reflexos dourados de desejo

a serenar nas sombras do pinho

em cada viagem uma fala

em cada curva memórias

em cada rego sementes novas

palavras nas grutas da voz

com elas palavras e voz

se desenham nas montanhas

as vidas e os corpos

que se acendem no silêncio

  Cântaro Magro - Vale do Zêzere - Covão d'Ametade - Serra da Estrela

(baixo relevo em progresso - 47" X 11" X 3,5")

cantilena

de mãe para mãe

para mãe e filha

cantiga do coração

do leite e do corpo

In: "prelúdio na cidade"
inédito -  João S Martins

canto de beijos

no canto da boca um beijo

no canto de um beijo

a boca cheia da palavras

suspensas pingando

num prato de linho

de boca para boca um beijo

de beijo para beijo um mundo

girando cabeças à roda

secretos sabores

de um trago de vinho

In:"prelúdio na cidade", inédito - João S Martins

Arte de Fernando Silva

piano 3

no piano não há branco

nem preto quando tocas.

os teus dedos e as sombras

dos sons saltam

entre o que julgamos

ver a preto e branco.

aí sim estão as cores

do que me dizes mil vezes

mil tons e rostos mil cores

na sua aparente ausência.

porque nada é definitivo

nas tuas mãos quando tocas

que diferenças

entre os botões e as teclas

do piano e as outras

do corpo do computador?

sensibilidade? audição? imaginário?

reais as notas ou as anotações

a escrita as falas 

de um e de outro

(ou talvez tenhas razão

com piano ou sem piano sei

preferires o preto no branco mas

que queres que te diga

sou pintor...)

Os livros, a madeira, as histórias, as vidas

 Também na madeira se escrevem as histórias das vidas, como neste "Livro  da Holly e do João"

ar azul

                                                                           escrever no ar ...

            se as palavras forem no vento

            chegarão mais depressa?