terça-feira, 12 de agosto de 2014

MOMENTOS


Na polifonia de sonhos, pode ser quebrada a minha fala, mas mantenho os sonhos intactos (exceptuando breves momentos de dúvida e dores). Se bem que podem ser sonhados em qualquer linguagem, torna-se mais fácil nas palavras que aprendi com o leite e sorriso maternos. Assim, na minha linguagem de berço ensinei os filhos (daí dependiam os laços com o longe e o tempo), enquanto, na linguagem deles, aprendia as novas cores dos sonhos.

Cada momento, uma esperança...

          do que vês, do que eu criei, escolhe... é teu!
que me desses a obra das tuas mãos, eu entendia, até o desejava... 

não sei que idade teria, dos sonhos longos não alcançava o fim, mas logo

              (chega o momento de uma alegria descrente...) 

se tivéssemos vivido mais tempo juntos, que belas coisas teríamos feito...   

não vivemos... e então?... acabou a poesia? morreu a arte? 

e acrescentavas: as ferramentas, essas não tas dou, ainda vou precisar delas 

mas que farei eu com elas?
que idade terias quando assim falaste? (e eu, que idade  teria?) e agora?...

 Cada momento, uma luz...

afinal, o que eu quero...  

são as mãos, as tuas mãos!...  

eu sei...  

Trazes poesia em cada aperto de mão, porque as tuas mãos são feitas de poemas, sílabas sinceras, versos de inocência, como só desenham as mãos verdadeiras. Poemas coloridos, mais que cinco as cores de um arco iluminado só completo a duas mãos.  

Quando as mãos se apartam, ficam salpicadas de gotas feitas de poemas, dedos, versos, laços que uniram as mãos vivas nas veias que trazes em cada sílaba e aperto de mão. Apertaste as minhas mãos como quem escreve um poema, a cada instante as tuas mãos depositam sementes e um poema verdadeiro em minhas mãos. 

também eu sei... 

Em cada momento, uma serena alegria expectante...

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